segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Nem é erudito nem popular





Artista: Gérsion de Castro - Paranoá/DF

Marcelo D2 - A arte do barulho



Olha só o texto do Hélio de La Peña sobre o disco e sobre D2 que eu achei no música social...

A ARTE DO BAGULHO, quer dizer, DO BARULHO
por Helio de la Peña

Você que tá aí de bobeira, olhando pra ontem, gemendo que ninguém te ama, ninguém te quer, esperando que um grande lance caia no teu colo... D2 tem um recado pra você. É hora de se levantar, se mexer, se coçar, parceiro! Esse é o papo reto que corre nas faixas deste novo trabalho. A Arte do Barulho.

Tá ruim pra todo mundo e a vida é curta, não dá tempo de esperar a chegada da cavalaria, não dá pra ficar parado no ponto aguardando passar aquela van com destino à felicidade. Você não está numa lan house, meu cumpadi, essa ficha não te dá direito a outra vida. O jeito é suar a camisa, correr atrás, não é hora de abaixar pra ajeitar o meião. Tá certo, não se pode perder a esperança, é preciso sonhar, ficar de olho na luz no fim do túnel, mas se liga: pode ser o farol do camburão. Então, engole o flagrante e vai à luta.

Marcelo D2 não tá no mundo a passeio, quer deixar a marca do seu grafite lá no alto daquele prédio. É pra isso que ele rala. E sempre ralou. Ex-porteiro, ex-faxineiro, ex-camelô, nunca foi escroque ou escroto. Conheceu Skunk (o músico, não a erva), resolveu ser músico e criou o Planet Hemp (a banda, não a erva). Tumultuou a cena musical no palco, na imprensa, na cadeia. Desberlotou o rock, o rap, o punk e acendeu a chama da novidade até a última ponta.

Partiu pra carreira solo, tirou onda e lançou uma obra-prima – “À Procura da Batida Perfeita”, onde o rap se casou com o samba e foram felizes para sempre. Podia ter parado por aí, podia ter ficado lambendo seus prêmios, seus discos de ouro, de platina, de tungstênio... mas chega de saudade! O cara é sujeito homem, não vive de marcha ré. Meteu o pé e foi em frente. E depois de “Meu Samba é Assim”, ele chega estourando as caixas com “A Arte do Barulho”.

Para quem já tinha se acostumado com a mistura do hip hop com samba, D2 resolve jogar no liquidificador musical o DNA do Planet Hemp, com mais zueira, mais esporro, mais rock’n’roll. Atividade na Laje! Mas o samba continua vivo ali, no seu “Desabafo”, por exemplo. Pode acreditar! E no meio da acidez do discurso de um “Fala Sério”, a doçura de “Ela disse”.

Marcelo não está só nessa caminhada. Ele conta com Seu Jorge, Aori, Roberta Sá, Thalma de Freitas, Zuzuca Poderosa, Mariana Aydar, Medaphor, Marcos Valle e a banda Cabeza de Panda, além da parceria de pai pra filho com seu moleque Stephan.

Coerente e paradoxal, D2 gosta do luxo e das coisas simples, circula no morro e no asfalto, na zona sul e na zona norte, não foge da briga mas também quer sossego. D2 é da paz e não da pasmaceira. Este álbum te convida a vir pra pista balançar o esqueleto e, ao mesmo tempo, a parar pra pensar. Afinal de contas, quem aí não quer levar vida de bagana, digo, de bacana? Então, meu camarada, saia de cima do muro, bote a cara à tapa e vamos fazer barulho!


Agora dá uma olhada no clip. Bommm

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Fetival Cinema Italiano - FUNDAJ Recife

Valor da sessão R$4,00 - meia R$ 2,00
Quinta-feira, 4 dez
20h | Birdwatchers – Terra Vermelha
(BirdWatchers – La terra degli uomini rossi). Itália/Brasil, 2008, 35mm, colorido, 108’

Dir. Marco Bechis. Elenco: Claudio Santamaria, Alicélia Batista Cabreira, Chiara Caselli, Abrísio da Silva Pedro, Matheus Nachtergaele, Leonardo Medeiros. Língua original: Guarani/Português. Numa co-produção Brasil/Itália, o filme retrata o atual processo de aniquilamento cultural sofrido pelo povo indígena no Mato Grosso do Sul e a relação conflituosa de dependência com os grandes fazendeiros da região. As fronteiras entre os latifúndios e as pequenas reservas indígenas delineiam a questão fundiária no Brasil e a relação que os homens estabelecem com a terra, e entre si.

Sexta-feira, 5 dez
20h | Il papà di Giovanna (O papai de Giovanna)

Itália, 2008, Dir. Pupi Avati. Elenco: Silvio Orlando, Francesca Neri, Ezio Greggio, Alba Rohrwacher, Serena Grandi. Língua original: Italiano . Michele Casali (Silvio Orlando) se encontra em uma situação desesperada quando sua única filha, Giovanna, mata a melhor amiga por ciúmes. Reclusa em um hospital psiquiátrico, a jovem conta com o apoio do pai - a única pessoa em quem realmente confia durante o período de isolamento. Um olhar sobre a estreita relação de cumplicidade entre pai e filha. Coppa Volpi de melhor ator para Silvio Orlando. Tela plana, 35mm, colorido, 104’.

Sábado, 6 dez
20h | Un giorno perfetto (Um dia perfeito)

Itália, 2008, Dir. Ferzan Özpetek. Elenco: Valerio Mastandrea, Isabella Ferrari, Stefania Sandrelli, Monica Guerritore. Língua original: Italiano . O filme conta as 24 horas que precedem uma chamada policial após suspeita de disparos de tiros em um apartamento de Roma. A separação passional de um casal e os conflitos e descobertas dos seus dois filhos são o fio condutor para a composição de um panorama humano, onde diversos personagens convivem em meio a uma cidade frenética e inquietante que parece insinuar, ou anunciar, uma tragédia. Tela Plana, 35mm, colorido, 102’.

Domingo, 7 dez
20h | Il seme della discordia (O sêmen da discórdia)

Itália, 2008, Dir. Pappi Corsicato. Elenco: Caterina Murino, Alessandro Gassman, Martina Stella, Michele Ventuci. Língua original: Italiano. Verônica (Caterina Murino) é uma jovem e bela mulher casada com um representante de uma empresa de fertilizantes. No mesmo dia em que ela descobre estar grávida, seu infiel marido descobre-se estéreo. Uma comédia politicamente incorreta sobre família e infidelidade que pretende investigar o universo feminino sem sutilezas e com uma linguagem próxima ao televisivo. Tela Plana, 35mm, colorido, 85’.

Segunda-feira, 8 dez
20h | Almoço em agosto (Pranzo di Ferragosto)

Itália, 2008, Dir. Gianni Di Gregório. Elenco: Gianni Di Gregorio, Valeria De Franciscis, Marina Cacciotti, Maria Cali, Grazia Cesarini Sforza. Língua original: Italiano. Gianni mora com a mãe idosa em um apartamento em Roma. Atolado em dívidas, ele se vê obrigado a negociar com o síndico do condomínio, que lhe propõe quitar algumas delas caso Gianni cuide também de sua mãe no feriado de agosto. Para piorar a situação ele ainda recebe a companhia da tia e da mãe de um amigo. Comédia tipicamente italiana vencedora do prêmio Luigi di Laurentiis, dedicado ao melhor filme de estreante. Tela Plana, 35mm, colorido, 75’.

Terça-feira, 9 dez
18h | Os Monstros (I Mostri)

Itália, 1963, Dir. Dino Risi. Elenco: Ugo Tognazzi, Vittorio Gassman, Ricky Tognazzi, Franco Castellani, Lando Buzzanca. Língua original: Italiano. Um retrato cruel e impiedoso da Itália do milagre econômico. Em 30 episódios, Risi destila seu humor cáustico sobre temas caros à comédia italiana: o consumismo, o casal, a praia, o automóvel. Uma série de esquetes permeadas pela desconfiança numa humanidade dominada pela euforia do boom. Nesta versão restaurada pela Cinemateca Nacional, dois episódios inéditos: O Cérebro doméstico e O Ator. Tela Plana, 35mm, b/n b/w, 118’.

Terça-feira, 9 dez
20h | PA-RA-DA
Itália/França/Romênia, 2008, Dir. Marco Pentecorvo. Elenco: Jalil Lespert, Evita Ciri, Gabriel Rauta, Patrice Juiff, Robert Valeanu. Língua original: Francês/Romeno. A história real do jovem palhaço franco-algeriano Miloud Oukili, que chegou à Romênia em 1992 - três anos depois do fim da ditadura de Ceauşescu - e tentou mudar a vida de um grupo de meninos de rua que vivia da prostituição, de pequenos furtos e da vagabundagem. Através da atividade circense, o palhaço tenta restituir a dignidade das crianças e levar-lhes um pouco de esperança. Tela Plana, 35mm, colorido, 100’.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Exposição "Nem é popular nem é erudito"

Artista: Elder Rocha


No Museu Nacional do Complexo Cultural da República, em Brasília, no Eixo Monumental, até 14 de dezembro.

Obras produzidas por artistas e artesãos nas mais diversas técnicas e linguagens expressivas em todas as regiões do país.
Alguns dos artistas cujas obras estão expostas: Helena Lopes, Elyezer Szturn, Fernando Madeira, José Ivacy, Arlindo Castro, Miguel Simão, André Ventorim, Luiz Gallina, André Santangelo, Rômulo Andrade, João Angelini, Miguel Ferreira e Andréa Campos de Sá.

Depois vou colocando mais fotos das obras que eu mais gostei.

Elegy


"Time pass when you are not looking" David Kepesh (Ben Kingsley)
Fatal (2008). Direção de Isabel Coixet (de “A Vida Secreta das Palavras” e “Minha vida sem mim” também necessários) e roteiro adaptado a partir da obra de Philip Roth ("The Dying Animal").
Com Ben Kingsley (como sempre irretocável) e Penélope Cruz.
Isabel Coixet já alcançou a posição de "ela-dirigiu-eu-vou-ver". Não gosto muito de fazer uma sinopse - não sou qualificada para isso e sempre acaba saindo assim "o filme trata sobre fulano em tal situação", como é a maior parte das críticas feitas, com honrosas excessões.
Mas - hehe - devo dizer que nesse caso o trailer (que coloco logo abaixo) e as sinopses divulgadas não fazem jus ao filme. Não se trata de uma relação entre um homem mais velho e sua ex-aluna e da fixação doentia daquele por esta. "O filme trata" - lálálá - do humano, de envelhecer, de solidão, de perdas e inabilidades para com a vida e suas situações.
Não é uma aula, nem um discurso sobre valores... só um retrato, uma paisagem, sem fim ou propósitos. Uma estória contada para ser apreciada e para revolver, por um instante ao menos, nosso tempo que passa sem que o vejamos.


segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

TAMBÉM QUERO NADAR NO CAPIBARIBE!!!



Tenho que confessar que essa idéia nunca me ocorreu... o Capiba é tão sujo, mas tão sujo que nem te conto. Mas eis que vi na bodega o primeiro vídeo do programa "Eu quero nadar no rio capibaribe" - esse que está aí em cima. Então, a partir de agora, compartilho o desejo e ajudo divulgando.
Quem sabe, em um tarde qualquer de um domingo ensolarado e abafado do Ricifi, eu possa me refrescar nas águas do velho Capiba, pular da ponte da Boa Vista, passear de jangada com as pernas a rasgar o rio.

Não deixem de ver o vídeo!!

Inês Pedrosa - "A eternidade e o desejo"


Inês Pedrosa foi minha leitura antes do soninho em Brasília. Recém-apresentada, passou no teste.
"A Eternidade e o Desejo" (2008, Alfaguara) nos traz Clara, uma portuguesa cega de amor, da forma mais literal possível, em viagem à Bahia, fugindo da piedade dos olhares portugueses e da falta de sentido do meio acadêmico, numa missão para o encontro com a religiosidade, com o desejo e consigo mesma.
Permeado de citações do Padre Antônio Vieira, a escritora nos guia, ora pela escuridão ácida de Clara, ora pela visão desnorteada de Sebastião, amigo e apaixonado não correspondido. Cachoeira, Santo Amaro da Purificação, Largo do Tanque, terreiro no Engenho Velho, Pelourinho, corredor da Vitória... a Bahia - de forma levemente didática - vai sendo percorrida pelas suas palavras.
Outros romances de sua autoria: "Fica Comigo Esta Noite" (2007, Planeta do Brasil) e "Fazes-me Falta" (2003, Planeta do Brasil).
"Tu dizes que neste lugar cada coisa é tudo ao mesmo tempo; tudo o que foi, tudo o que poderia ter sido, tudo o que há-de ser. E que por isso amas a Bahia - com "h" de homem ou de hoje, dizes, ou da eternidade que é a mesma coisa. O contrário da posteridade, que estraga a vida a tantos."
"Nos olhos dele aprendi a ler Vieira, como no seu corpo aprendi a saborear o desejo infinito, o desejo como experiência da eternidade. Para essa experiência não tenho palavras. Nem sequer silêncio. Dessa experiência, sobrou-me o que sou."