quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Uma ida rápida a Recife


Fui a Recife dia 16, voltei dia 17. Para mim é quase como estar em casa: calor, miséria, marzão, solão, ônibus velho, cor de pele, sotaque (diferente, mas tão forte quanto), gente boa, gente da melhor qualidade que dá informação com o maior gosto (só falta te levar até a porta do hotel). Falando em hotel, pra variar entrei numa meio fria: achei na internet, fui no google maps (uma das melhores invenções de todos os tempos) ficava a poucos metros do meu local de prova (3 míseros minutos andando), mas meu local de prova fica no centro da cidade. Resultado: o hotel era meio espeluncazinha, pertinho da Av. Conde da Boa Vista (uma espécie de Av sete em Salvador, ou uma 25 de março em São Paulo). Mas ok, pretendo voltar em breve para a próxima fase e vou me hospedar lá de novo, ficar a 3 minutos do local de prova por um precinho camarada... não tem preço.

Lady Chatterley, mais uma "femme", e que "femme"

Sábado de tardinha, primeira vez na sala de arte da UFBA (aprovada!), sem saber nem qual filme ia assistir e quando soube a expectativa não foi das melhores, pelo contrário, filme europeu de 168 minutos de duração...
Pois é, vale cada segundo! Belo. Na medida, sem sobras, sem afetação, daqueles filmes que não precisam de música alta e retumbante para tocar quem o vê. Com a beleza de naturalidade inexplicável de um corpo nu, o filme nos fala à alma. Cena que mais gostei - entre tantas: Parkin (guarda-caça empregado da propriedade de Lady Chatterley e seu amante - no melhor sentido de aquele que ama e é amado) enfeita o corpo da Lady com as flores que eles colheram; quem esperaria tanta delicadeza e sensibilidade naquele homem?
Uma boa crítica...

Novos baianos, samba da minha terra e inspiração para a resitência



Isso que era resistência!!!! E com música da melhor qualidade (só para começo de conversa "acabou chorare" foi considerado o melhor disco da música brasileira na lista dos 100 melhores da revista Rolling Stones brasil). Olha só os cachos de Moraes... sucesso

Abaixo à progressiva! Viva a Revolução Cacheada!

Em tempos de escova progressiva, faço parte da resistência. Em breve seremos espécies em extinção e nossos cachos causarão espanto, tanto quanto um mico leão dourado em uma avenida de uma metrópole tupiniquim qualquer.
Mas não há como não se identificar com esse olhar de realização e contentamente de Mrs. Simpsom, com suas maleixas domadas e sedosas e livre daquele espigão armado. Todas nós da resitência já pensamos, nem que seja por um instante, "ai nem para eu ter nascido com o cabelo lisinho..." (imagine eu que até os 10 anos tinha o cabelo liso igual de índio "e aí veio a adolescência" primeiro ondulando e depois encaracolando tudo, progressivamente rsrs). Reconheçamos: mantemos uma relação de amor e ódio com os cachos, afinal eles dão - muito - trabalho, teimam em ter vontade própria e precisam de quilos de creme e paciência para se chegar a um resultado razoável.
Mas digam, quem reconhece Marge na 2ª versão?!?! Pois é, eu sem meus cachos "não sei nem dizer, sou barco sem mar, um campo sem flor". Portanto vale a máxima: assumir os cachos é assumir a si mesma rsrs. Viva a revolução cacheada!!!

PS: Notaram como na 2ª versão o busto de Marge está levemente mais volumoso? É, tudo indica que além da progressiva Marge ainda se rendeu ao silicone...

domingo, 2 de dezembro de 2007

Feitoquinha


Dia 27 de novembro ganhei minha primeira sobrinha. Emprestada... Sobrinha de verdade é algo que não me foi permitido ter, filha única que sou.
Acordei 5 e pouca da madrugada com Feitoca no telefone, lá de Brasília, me avisando, como anteriormente combinado e prometido, que estava indo para a maternidade.
7:37 pronto, Maria já estava do lado de cá desse mundo.
Hoje as fotos chegaram. Está lá a cara de babão de Jarbitas com ela no colo. Feitoca parindo de óculos - só podia ser minha amiga sem-noção... talvez seja normal, eu nunca assisti um parto de verdade, mas pelo menos em filme e novela nunca vi mãe de óculos - e aquele trocinho sorrindo no berço da maternidade.
Maria vem ao mundo assim: pais inimaginavelmente especiais, amada e querida, e com as estrelas e planetas conspirando a seu favor - sargitariana, com lua em câncer e ascendente em capricórnio.
Se eu pudesse, cantaria agora para ela: "espere por mim morena, espere que eu chego já". Breve, muito breve conhecerei o Planalto Central e a pegarei no colo. Ficar perdida no abraço longo de Jarbas e no olhar de Feit.
Sim, em breve.

sábado, 10 de novembro de 2007

Florianópolis, a Ilha da Magia


Sim, isso faz toda a diferença. Poucas coisas me atraem tanto quanto aquilo que não posso compreender, quando as palavras não bastam e o silêncio se faz mais presente. Mas desta vez, a magia se fez em palavras, em sons, apontando um caminho de paixão, verdade e beleza. Sim, Floripa é cheia de magia, mas o é de forma escancarada, sem meias palavras, assim como é escancaradamente linda.
Foi a minha primeira vez na ilha. Duas semanas de outubro e aquela sensação de ter passado bem um mês por lá.
Basicamente caminhei. Pelas ruas do Pantanal, da Carvoeira e da Trindade, às vezes com destino certo, às vezes a ermo perdida no que não conheço, mas que se fazia familiar em segundos; pelo campus da UFSC, em meio a verde, a sotaques, ao cheiro dos arbustos; caminhei pelas ruas do centro até me deparar com a Praça XV e sua Figueira - como explicá-la? é o mesmo que tentar explicar o gosto da tangerina, só provando - caminhei da Joaquina ao Campeche, em tarde cinzenta, com as gaivotas fugindo de mim, com o mar bravio com seus poucos surfistas; caminhei subindo as rochas à direita da praia Mole, até chegar longe, alto e lá de cima ver o dia ensolarado, a mata e o mar que se jogava aos nossos pés; caminhei pela Lagoa, debaixo de guarda-chuva, depois de Godard.
A foto é de Santo Antônio de Lisboa, bairro com casinhas tombadas, o tempo em slow motion e uma tonalidade de sépia. Indo lá, vale a pena dar uma esticada em Sambaqui, comer em um dos restaurantizinhos na beira do mar e ficar para um samba nos barracões de pesca domingo de tardinha (o samba não deu para mim, mas fonte segura me garantiu que vale à pena).
A vontade de morar em Floripa só foi reforçada: ter uma bicicleta, um quintal com horta e flores, uma vida simples, um consumo e alimentação conscientes, me dedicar à pesquisa, ao ensino e à extensão e contribuir para construir uma realidade mais digna, equânime. Ainda não foi dessa vez, mas quem sabe um dia.
Em Floripa, voltei a olhar para as estrelas, as de Mário Quintana. É ou não é magia!?!

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Estréia - "Angéla, tu est infâme!" "Non, je ne suis pas infâme. Je suis une femme."


Uma semana. (Quase) todo dia eu abria, olhava o blog e dizia: vamos começar. Mas, como sempre, procrastino e procrastino e procrastino um pouco mais. E olhe que eu tinha assunto para o meu primeiro post. Enfim, agora foi - ou pelo menos está indo.
A idéia de um blog foi pura influência de um companheiro gaúcho, ligado à assessoria popular, que me recebeu em sua casa, em Floripa, há uns dias atrás. Numa conversa sobre escrever mais, emitir opinião, se mostrar, construir, ou seja arriscar e não ficar só lendo indefinidamente, ele me contou que o canal dele foi um blog. Daí, eu, pessoa sem criatividade nenhuma que sou, resolvi imitar.
Confesso que nunca havia me interessado por nada do tipo. Primeiro, pelo fato da banda larga ser uma realidade recentíssima em minha vida. Segundo, que sempre achei que era coisa de adolescente que não tinha nada melhor para fazer.
Ledo engano. Desvendar esse mundo de palavras, imagens e rostos desconhecidos tem sido um prazer que parece não ter fim. A cada blog que entro sou encaminhada para outros tantos tão interessantes e intrigantes quanto. Gente falando sério, gente falando amenidade, gente sendo sensível, gente de tudo que é jeito.
O nome vem do filme de Jean-Luc Godard de 1961, assistido numa salinha no Cine Clube Sol da Terra, na Lagoa da Conceição, com este mesmo amigo de quem falei antes.
Estes são os padrinhos do meu blog: Godard e o companheiro Cafra, embora eles nada saibam a respeito.