quinta-feira, 26 de junho de 2008

Abismo

Outro e-mail inesperado. Uma música e tudo dito.
E se vivemos de abismos, que estejam sempre abertos, floridos e cheios de luz.
Então arruma tua casa, põe flores nos vasos, prepara um pão e serve com música e riso.
Se não der para fazer tudo isso, tudo bem: apenas abre tua casa e teu abismo para aqueles que saibam adentrá-los. E vivamos assim. E cantamos, sabendo que teu colo é doce para quem te quer bem, pois se tudo é duvidoso, violento e louco, que os encontros sejam belos e a vida seja honesta e decente.


À Noite Sonhei Contigo
(Kevin Johansen Versão: Paula Toller)

À noite sonhei contigo
E não tava dormindo
Justo ao contrario
Estava bem desperto
Sonhei que não fazia
O menor esforço
Para que te entregasses
em ti já estava imerso

Refrão: 2x
Que lindo que é sonhar
Sonhar não custa nada
Sonhar e nada mais
De olhos bem aberto
Que lindo que é sonhar
E não te custa nada mais que tempo

Sofrer com tanta angústia
Por coisas tão pequenas
Gastar essa energia
Assim não vale à pena
Quem me dera me livrar
Pra sempre de mim mesmo
E só me reencontrar
Lá no teu doce abismo...


Bolo de ameixa muito muito doce (essas receitas de internet... a partir de agora só vou confiar no site do mais você rsrs), patê de alho, pão e torradas comprados, patê de peru, refrigerante. Arrumei a sala, a cozinha, o quarto. Aguardo as pessoas e o vôo mais tarde. Um mês na Bahia. Férias.

São João


Outro post atrasado...
Rascunhado e embolorado, ficou na estante, esquecido.
Mas não poderia deixar São João menino assim, no esquecimento.
Afinal, não há festa como a dele... O colorido e a quentura das noites frias de junho (esse ano não teve esse frio todo, pena, pena), o forró que traz o outro para perto; tira um casaco, tira mais um; e a noite segue.
O gosto de infância, de festa do Padroeiro (São Roque!!) com parquinho montado, riso no bate-bate, maçã do amor, algodão doce e aquelas bolonas coloridas (engraçado que até hoje não sei se as bolas de antigamente eram maiores ou se só fui eu que cresci...).
São João tem que ter fogueira, frio, forró, noite estrelada e comida, muita comida: amendoim, canjica, milho verde, bolo de milho, carimã, tapioca, puba. Se tiver família, então, melhor ainda.





sábado, 21 de junho de 2008

Silvério Pessoa e a Ponte da Boa Vista

Havia escrito um post no início da semana do São João sobre o arraiá que fui no Pátio de São Pedro em Recife. Acabei deixando para terminar depois e, bem depois de tanto tempo as coisas não fazem mais tanto sentido.
Ainda assim, vale a pena publicar para falar de Silvério Pessoa que tocou no dia (uma das atrações da noite). Também vale a pena dizer que a noite era daquelas gostosas, cheias de frescura quase que aveludadas (caminho de volta para casa com as luzes amareladas, o silêncio e aquela atmosfera em suspenso, tão peculiar de Ricifi).
Voltando para Silvério, é um cantor pernambuco já bem conhecido por essas bandas e que também já está com um bom nome por aí a fora.
O site http://www.silveriopessoa.com.br/
O myspace http://profile.myspace.com/index.cfm?fuseaction=user.viewprofile&friendid=172751772

E a letra "da música" da noite (mais pernambucana impossível)


Nas terras da gente

Atravessei a ponte da Boa Vista

Lembrando das histórias do Holandês

Sentindo o cheiro doce da maré seca

Cantarolando sons do dia de Reis

Em cada prédio traços de uma cultura

Interior das nossas recordações

Mamãe contava

Tinha mula sem cabeça, pé de manga, malassombro

Lá debaixo do coité

De madrugada grito de porco sangrando

Copo de cachaça fresca pro caboclo festejar

Sarapatel, carrapateira, mandioca, jenipapo

Milho verde e coco de catolé

Sou de Pernambuco sou

Das brenhas do Interior

Estou por aqui, estou, pra ser cantador

Sou de Pernambuco sou

Dos cafundó do mundo sou

Estou por aqui, estou, sou trabalhador

(Silvério Pessoa)

PS: Impossível não lembrar de Madá toda feliz quando ouviu "atravessei a ponte da boa vista". Também impossível não lembrar da sensação de atravessá-la.

Aqui o clip ;)


quinta-feira, 19 de junho de 2008

Antologia da música baiana

"Pesca de Arrastão"


Baiano aqui em Ricifi sofre. Todo mundo quer tirar um pouquinho de onda - não vou nem perder tempo repetindo as besteiradas todas. Tudo na brincadeira, mas, no fundo, rola um despeitozinho, né verdade...

Como resposta àquela batida piada de que música baiana só tem vogal "aê aê aê aê, ê ê ê ê, ô ô ô ô" (do clássico "prefixo de verão") organizei uma - nas palavras do próprio recifense - antologia da música baiana, e mandei para ele no orkut (duas páginas completas rs).

Dada a qualidade do trabalho, vou postar aqui também, aos pouquinhos, sempre acompanhada de uma pintura de Carybé.

Para começar bem, hoje vamos de Dorival Caymmi



É doce morrer no mar

É doce morrer no mar,
Nas ondas verdes do mar
A noite que ele não veio foi,
Foi de tristeza pra mim
Saveiro voltou sozinho
Triste noite foi pra mim
É doce...
Saveiro partiu de noite, foi
Madrugada não voltou
O marinheiro bonito
Sereia do mar levou.
É doce...
Nas ondas verdes do mar, meu bem
Ele se foi afogar
Fez sua cama de noivo
No colo de Iemanjá
(Dorival Caymmi)
E já que falamos nela, aqui vai "Prefixo de verão" (não adianta falar mal, é um clássico da axé music hehe)

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Celebrar à distância


Estar longe mas não perder o fio que nos une. Qual será a mágica que se dá entre alguns que os tornam tão especiais entre si? Ou então, conhecer, há poucos meses, e ver o esboço de amizade se delinear quase que por si mesmo.
Quem explica a mágica? - a de viver, amar e bem-estar junto ao outro. Como pode se desentender - seja aos gritos ou silenciosamente - e ainda assim carregar o outro dentro de si?
Sempre falo a Tico que gosto tanto que desejo para ele a mesma felicidade que desejo para mim mesma. Que o sucesso dele me faz feliz.
Hoje estava lendo (parece que estava certa, rsrs):
"(...) amar é querer para outrem aquilo que reputamos serem bens, e isso não em nosso interesse, mas no interesse dele (...) é amigo aquele que ama e é amado em retorno (...) aquele que conosco se alegra no bem e conosco sofre no mal, sem outra consideração que não seja a da pessoa amada). (...) Mostra-se verdadeiramente amigo o homem que quer para o ser amado aquilo que quer para si. (Arte Retórica, Livro II, cap. IV, I, 2, 3, 4 - Aristóteles)

Falo de Man, Miloca e Nati. Não pude/poderei estar com elas em suas bancas, não sei se estarei na colação de grau, mas sinto o contentamento mais puro de vê-las caminhar. Belas mulheres e amigas valiosas - a vida vai passando e alguns vão ficando, continuando junto mesmo que longe.

Um pouco da beleza de Man, segundo ela mesma:

Luar se fez, num raio prateado
Iluminando o céu, e as espumas do mar
Lindo clarão a beira mar
Vejo Mamãe Yemanjá
Lá vem, lá vem, junto com suas sereias
Nos abençoar, Rainha Yemanjá
Dona das águas tu és Mãe
Oh Janaína, Odoyá
Iluminai minhas profundas água
Para eu decifrar mistérios de meu mar
Nesse meu mar de emoções
Rainha vem me iluminar
Yemanjá, principio gerador
Amor fundamental, tão puro e maternal
Yemanjá vem confortar
Oh Janaina, Odoya
(Leo Artese)

OBS: Pintura de Carybé "Lavadeiras"

segunda-feira, 16 de junho de 2008

UnB: a utopia encarnada

História da Universidade de Brasília

Brasília tinha apenas dois anos quando ganhou oficialmente sua universidade federal. Inaugurada em 21 de abril de 1962, a Universidade de Brasília (UnB) já funcionava desde o início do mês, exatamente no dia 9, nas dependências do Ministério da Saúde, na Esplanada dos Ministérios. A data marcou o começo das aulas para os 413 alunos que haviam prestado o primeiro vestibular e, com ele, o da própria instituição que viria a se tornar uma das mais bem conceituadas do Brasil.

Trilhar esse caminho, no entanto, demandou esforços. A princípio até para convencer as autoridades da importância de uma universidade da capital. Ainda que o projeto original de Brasília, feito pelo arquiteto Oscar Niemeyer e pelo urbanista Lucio Costa, já previsse um espaço para a UnB – entre a Asa Norte e o Lago Paranoá -, a luta pela construção foi grande. Tudo por causa da proximidade com o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e a própria Esplanada. Algumas autoridades não queriam que estudantes interferissem na vida política da cidade. Finalmente, depois de negociações intensas, em 15 de dezembro de 1961, o então presidente da República João Goulart sancionou a lei 3.998, que autorizou a criação da universidade.

O antropólogo Darcy Ribeiro, idealizador, fundador e primeiro reitor da UnB, sonhava com uma instituição voltada para as transformações – diferente do modelo tradicional criado na década de 1930. No Brasil, foi a primeira a ser dividida em institutos centrais e faculdades. E, nessa perspectiva, foram criados os cursos-tronco, nos quais os alunos tinham a formação básica e, depois de dois anos, seguiam para os institutos e faculdades. Os três primeiros cursos-tronco eram: Direito, Administração e Economia, Letras Brasileiras, e Arquitetura e Urbanismo.

A inauguração da UnB, às 10h daquele 21 de abril de 1962, assemelhou-se em muito à própria capital. Quase tudo era canteiro de obras, pouquíssimos prédios estavam prontos. O Auditório Dois Candangos, onde ocorreu a cerimônia, havia sido finalizado 20 minutos antes. Seu nome homenageia os pedreiros Expedito Xavier Gomes e Gedelmar Marques, que morreram soterrados em um acidente durante a construção.

A instituição tinha então 13 mil metros quadrados de área construída, distribuídos em nove prédios, 35 vezes menor do que em 2006 (464 mil metros quadrados), segundo a Secretaria de Planejamento da UnB. No início, somente os estudantes de Arquitetura e Urbanismo assistiam às aulas no campus em obras, para que pudessem praticar. Os outros cursos eram ministrados no 9º andar do Ministério da Saúde. A administração e a reitoria ocupavam parte do Ministério da Educação
Em 1964, a ditadura instalada com o golpe militar traria anos difíceis para a UnB. Na verdade, a instituição brasiliense já era tida por setores extra-universitários como um foco do pensamento esquerdista, visão essa que só se acirrou com os militares. E, por estar mais perto do poder, foi uma das mais atingidas. Universitários e professores foram taxados de subversivos e comunistas. Comentava-se que havia uma tendência marxista na UnB, liderada pelos professores mais jovens e idealistas.

O campus foi invadido e cercado por policiais militares e do Exército várias vezes durante o ano. No dia 18 de outubro de 1965, depois da demissão de 15 docentes acusados de subversão, 209 professores e instrutores assinaram demissão coletiva, em protesto contra a repressão sofrida na universidade. De uma só vez, a instituição perdeu 79% de seu corpo docente.
(Fonte http://www.unb.br/unb/historia/resumo.php)


"Eles acreditavam que fôssemos perigosos. Gosto de pensar que éramos mesmo". (Darcy Ribeiro, Doutor Honoris Causa da Universidade de Brasília, em Pronunciamento

domingo, 15 de junho de 2008

Baiana de Carybé



"Baiana" óleo sobre couro, ass. inf. dir.
23 x 15,5 cm


Memória

Viajo no Rio Vermelho dos quarenta
jovial e sonhador
não é a paisagem, o céu, o mar
isto sim, a vida, o momento
agora
na memória.
Anos decididos, decisivos, tempos
de energia e amor, sexo e luta
afeto e destempero !...
primeiro Rio Vermelho dos artistas
plásticos, pintores, gravadores
escultores, senhores dos humores
juventude quente, fremente, fervente.

É o Rio Vermelho, vermelho,
despudorado e amado, de sempre.
Hora do meio dia, sol a pino
entre os solitários coqueiros
recalcitrantes a tremerem
sobrevivem, arrepiados, ouriçados
O tempo não passa, fica residente
os homens vêem e vão.

Mário Cravo Jr


Ondina

Ondas sobre ondas, espumas.
mais espumas
sobre a praia
areia com areia sob as ondas
ondas com espumas sobre o mar
Velas sobre ondas e sobre o mar
espumas... com velas sobre ondas
como espumas rolando sobre o mar.

Mário Cravo Jr

quinta-feira, 12 de junho de 2008

12 de junho

"Sxporte" campeão da Copa do Brasil


Nunca imaginei que um dia eu torceria para um time rubro-negro. Além da combinação de cores infeliz, a imagem estava atrelada ao vitória da Bahia - ou como diz o Bahêea minha porra, o "vicitória".
Mas como nada permanece, me vi, pela primeira vez na vida, torcendo para o vitória ganhar. Sim, é verdade. Acho que há um mês atrás, jogando justamente contra o Sport daqui de Recife. Era Bahia contra Pernambuco; não poderia ser diferente, longe de casa, o bairrismo falava mais alto, gritava.

Ontem, o fenômeno se repetiu. Dessa vez não só comentei sobre a minha preferência: sai de casa por volta das 18:00, peguei um PE15 e um engarrafamento monstruoso na Agamenon Magalhães. Pensava sobre o que tinha me feito estar num ônibus com outros tantos rubro-negros a caminho da Ilha do Retiro?? Saltei no ponto errado; a cidade transformada em caos, não adiantava pegar o segundo ônibus (sim, dois ônibus para assistir ao jogo do Sport): caminhei por toda Rosa e Silva.

Assistimos na casa de Joana (que, por sinal, fica do lado do estádio do Náutico, nos Aflitos), eu (bahêea na saúde e na doença), quatro sportenses moderados e conscientes (nada daquele pedantismo típico dos rubronegros), um corintiano e uma tricolor (Santa Cruz - que por sinal é o time com que mais me identifico por aqui).
Admito: torci pelo Sport. E valeu a pena quando no final do jogo o narrador-anta disse "um time do Nordeste ganhou a Copa do Brasil".
Foi Nordeste todo que ganhou esse título, contra o egocentrismo do sudeste.


Relutei bastante em colocar os vídeos abaixo, mas espero que entendam.

Aqui o hino do Sport. Num ritmo afrevoado e com o "t" marcado tão típicos dessa terra, não podia deixar de colocar. Aqui não se fala "sporth", mas sim "sxporte" (o som do "x" nas palavras com "s" é uma peculiaridade dos recifenses, e dos pernambucanos todos, como descobri ontem).




Aqui, um vídeo com a buzina que reproduz o grito de guerra do time. Também só descobri ontem que cada time tem uma musiquinha de buzina diferente, e isso transforma a cidade num inferno em dia de jogo. Antes achava que as buzinas eram aleatórias (até porque o povo aqui buzina por tudo no trânsito, o tempo todo, uma espécie de fixação), mas há toda uma simbologia por trás. Prestem atenção hehe




Saudações tricolores a todo o Nordeste!!!

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Neoliberalismo e o capitalismo do desastre: nosso futuro nas mãos das grandes corporações (dêem adeus ao Leviatã)



Reportagem da Revista Cult.


Resistindo ao choque

A jornalista e ativista canadense Naomi Klein analisa o novo estágio do capitalismo pós-11 de setembro: a privatização do desastre


Por Eduardo Socha


Seu nome circula em todo debate que questiona a arrogância do pensamento único e a imposição do neoliberalismo como modelo econômico irrevogável na era da globalização. Naomi Klein, 38, tornou-se mundialmente conhecida depois do sucesso de Sem logo - A tirania das marcas em um planeta vendido. Lançado em 2001 e traduzido para 28 idiomas, o livro superou a marca de um milhão de cópias vendidas, fato surpreendente para um volume de 500 páginas que se propõe a denunciar em detalhes os efeitos nocivos do branding, além das práticas de extorsão e exploração do trabalho de corporações como Nike, The Gap, Microsoft e McDonalds. Tornou-se rapidamente um dos maiores manifestos do movimento anti-globalização

Dois anos após o lançamento de uma pequena coletânea de artigos escritos para imprensa, Cercas e janelas, chega ao Brasil a tradução de seu terceiro livro, A terapia do choque - A ascensão do capitalismo do desastre, resultado de mais de seis anos de pesquisas sobre as reações de governos alinhados à ideologia neoliberal aos desastres cada vez mais freqüentes - da guerra no Iraque ao tsunami. A autora analisa a estreita relação dessas reações com a teoria dos choques econômicos proposta por Milton Friedman, prêmio Nobel de Economia em 1976 e um dos fundadores da ortodoxa Escola de Chicago; teoria esta que, segundo a autora, guardaria semelhanças assombrosas com as técnicas de tortura da CIA, descobertas há pouco tempo.


CULT - Um dos principais objetivos do seu livro é mostrar que os conceitos de neoliberalismo e democracia são internamente incompatíveis, certo?

Naomi Klein - O propósito principal do livro é contestar a alegação central da máquina de propaganda neoliberal, que procura identificar pessoas livres com o que eles chamam de mercado livre. Tento mostrar que democracia e neoliberalismo entram diretamente em conflito.

(...)

Não considero o Katrina um desastre "natural" porque foi envolveu uma clara omissão do Estado - no sentido de que as barragens estavam deterioradas. Imediatamente depois do ocorrido, um político republicano, Richard Baker, disse "não pudemos limpar os projetos de conjuntos habitacionais, mas Deus fez isso por nós". Isso é o capitalismo do desastre! É uma idéia muito velha, que já existia na mentalidade colonial. Na América do Norte, os colonos que ocuparam a Nova Inglaterra tinham uma teoria religiosa sobre a varíola, pois a causa principal de mortalidade dos índios era a doença. Nos diários da época, falava-se da moléstia como uma dádiva de Deus. De diversas maneiras, estavam usando a mesma formulação que o político republicano. Quando a varíola acabou com diversas comunidades do Iroquois e a terra deles foi invadida pelos colonos, Deus foi invocado, e o desastre foi visto com um ato divino. Então, sim, isso não é novidade [ risos]. Mas, o que há de novo aqui, e que vimos em Nova Orleans, é que não apenas o desastre foi utilizado para a privatização do sistema educacional e habitacional, mas a resposta ao próprio desastre foi vista como oportunidade de mercado. E essa é realmente a última fronteira para o neoliberalismo. Todas as partes do estado foram privatizadas: estradas, eletricidade, telefone, água. Havia sobrado apenas as funções fundamentais: os militares, a polícia, os bombeiros. Mas agora estamos assistindo ao surgimento de um complexo do capitalismo do desastre: negócios que dependem diretamente desse conjunto de crises e desastres. Bombeiros privados, empresas como a Blackwater [ empresa militar privada], que apareceu em Nova Orleans pronta para substituir a policia, o Helpjet, um serviço que proporciona um plano de fuga rápido e luxuoso, com direito a limosine, no caso de furacão. Acho que estamos vendo isso agora na crise dos alimentos, no sentido de que esse desastre torna altamente lucrativo o setor corporativo do agrobusiness. Acho que precisamos entender os desafios que enfrentamos, principalmente relativos à mudança climática. Está muito claro que existe uma parcela da economia cujo desempenho é favorecido conforme a situação piora. Não são apenas as empresas de armamentos. São as companhias de petróleo, de agronegócios, de biocombustíveis, farmacêuticas, empreiteiras, companhias de segurança. Precisamos mapear essas empresas que, com um lobby poderoso, impedem mudanças efetivas para nos tirar desse processo de crises contínuas

(...)

Quando a guerra do Iraque começou, os argentinos fizeram comparações entre o que aconteceu no país nos anos 1970 e o que estava acontecendo no Iraque. Foi isso que me fez querer entender as conexões entre os diversos tipos de choque, pois já estavam sendo feitas nas ruas da Argentina. Era uma maneira nova de interpretar a história - eu sabia da ditadura militar, mas não sabia que a agenda econômica era tão clara. No livro cito a carta aberta de Rodolfo Walsh à Junta Militar. Naquele tempo, em Buenos Aires, essa carta tomou vida própria: era lida em parques, assembléias de bairros, na frente das casas de generais, no rádio. Isso me fez querer entender essas conexões e querer viajar ao Iraque. Alguns amigos jornalistas argentinos, especialmente Claudia Acuña, descreveram como era difícil perceber as razões por trás do terror quando se está vivendo a situação. No momento em que dizia isso, Paul Bremer chegava ao Iraque e anunciava uma transformação econômica radical, dizendo que o país estava aberto para negócios. Mesmo assim, toda a atenção jornalística estava concentrada na guerra e não no programa econômico. Então senti que, depois de ter aprendido essa lição na Argentina, tinha a responsabilidade, como jornalista e escritora, de ir ao Iraque e pesquisar a verdadeira causa da violência. Foi depois dessa experiência que li o manual de interrogatório da CIA, pois eu estava no Iraque quando estourou o escândalo de Abu Ghraib.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Meio 2008 já foi. E aí? ou Minha vida = um promissor poema não escrito


Depois de 3 meses me sentindo meio que em casa, começo a me ver completamente estrangeira in Ricifi. Talvez, esteja constatando-me estrangeira "em si", de mim mesma.
Deparei-me com esse vídeo "My proletary life: mind the gap" da Mostra Catálogo 2ptos de Lourival Batista. Artista pernambucano que está morando (e ralando) em Londres.
Diante do seu sentimento de emigrante, vejo o meu espelhado (com todas as devidas proporções do mundo, embora essa seja uma ressalva dispensável, pois é "só" sentimento).
O mais curioso é que só começo a me dar conta disso, quando as coisas começam a perder a "novidade": já não passo por tantas ruas novas, já não falo com tantas pessoas com as quais nunca havia falado, enfim, aconchego-me novamente na normalidade.
Como pode, logo agora, sentir-me estrangeira [novamente!!! será?]?
O que procuro no novo que não acho no estabelecido, já que sou eu mesma que estabeleço?
Quantos dos meus planos e sonhos para esse ano ainda estão a milhas e milhas de séculos de serem realizados?
Outro dia enquanto ia para o CCJ, provavelmente em um Setúbal/Boa Vista, fiz um poema - na verdade, ele que se fez. Eu em pé, sacolejando, e o poema se fazendo por toda Conselheiro. Divertimento. De repente, outro poema sobre ter feito um poema naquela conjuntura começou a se fazer. Nessa altura, eu já tinha passado da ponte pelo Capiba - sol fraquinho, refletindo dourado-sujo nas águas; tinha até isso no tal poema - chegando no Forte 5 pontas. Quando cheguei no Recife Antigo, me dei conta: como vou lembrar dos dois? E mais, sei que quando saltar no mesmo ponto de sempre, vou caminhar meus mesmos passos de todos os dias, subir os dois lances de escada e não vou sentar pegar um papel e concretizar nele os poemas revelados. E eles iriam, durante o resto do dia, se desmanchar, descorar, até eu pensar que "não, não vale a pena escrevê-los".
Dito e certo!
Quantas poesias já fiz e nunca escrevi. Quantas escrevi e nunca mostrei. Nunca declamei nenhuma (nem minha, nem de ninguém). Minha mudez que disfarço de silêncio.
Minha vida como poema adiado; O que tem que ser escrito, deve ser escrito no agora, a vida pede urgência; não a urgência sádica e histérica do progresso da tal modernidade (ou pós, ou tardia, ou o diabo a quatro). A urgência do desejo, do sangue nas veias que não pode esperar um segundo que seja para correr, que não pode dizer "amanhã eu passo pela veia dos dedos das mãos que agora não dá".
Não sou poeta, não sou artista, não sou filósofa, não sou jurista. Minha vida e os poemas não escritos.
Agora, estou tentando escutar um pouco Foucault "Devemos criar prazeres novos, então pode ser que o desejo surja".
Já ia esquecendo, o vídeo eu achei no site "2ptos - Arte contemporânea em Pernambuco.

Quase comida de mãe


Para quem está morando há pouco tempo fora da casa da mãe, um prato como esse ganha todo um significado especial - principalmente se é ainda-estudante, tradução duro, sem um neca no bolso. Não, não estou vivendo de miojo. No início estava almoçando quase sempre na comida a quilo. Mas, aos poucos fui me aventurando na cozinha - tanto para economizar quanto pela vontade de aprender, de preparar minha própria comida, de experimentar mesmo.
Não é que está dando certo. Hoje éramos em quatro na mesa. Mesa farta: arroz, feijão, macarrão, carne, farofa de calabresa, salada de alface tomate e cebola. De repente me solta Catarina: "isso é quase comida de mãe!".
Pois é, quem diria....

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Hipátia (mais)


Hipatia era filha de Theon, um renomado filósofo, astrônomo, matemático, autor de diversas obras, e professor em Alexandria.
Criada em um ambiente de idéias e filosofia, tinha uma forte ligação com o pai, que lhe transmitiu, além de conhecimentos, a forte paixão pela busca de respostas para o desconhecido. Diz-se que ela, sob tutela e orientação paternas, submetia-se a uma rigorosa disciplina física, para atingir o ideal helênico de ter a mente sã em um corpo são.
Hipatia estudou na Academia de Alexandria. Viajou para
Atenas, para completar a educação na Academia Neoplatônica. Retornou e tornou-se professora e depois diretora da Academia de Alexandria. A tragédia de Hipatia foi ter vivido numa época de luta aguda entre o Paganismo declinante e o Cristianismo triunfante, que se impunha no mundo greco-romano. Ela era neo-platônica e defensora intransigente da liberdade de pensamento, o que a tornava má vista por aqueles que pretendiam encarcerar o pensamento nas celas da ortodoxia religiosa. Por ensinar que o Universo era regido por leis matemáticas, Hipatia foi considerada herética, passando a ser vigiada pelos chefes cristãos.

Numa tarde de março de 415 E.C., quando regressava do Museu, Hipatia foi atacada em plena rua por uma turba de cristãos enfurecidos. Ela foi golpeada, desnudada e arrastada pelas ruas da cidade até uma igreja. No interior do templo, foi cruelmente torturada até a morte, tendo o corpo dilacerado por conchas de ostras ( ou cacos de cerâmica, segundo outra versão). Depois de morta, seu corpo foi lançado a uma fogueira.


"Há cerca de 2000 anos, emergiu uma civilização científica esplêndida na nossa história, e sua base era em Alexandria. Apesar das grandes chances de florescer, ela decaiu. Sua última cientista foi uma mulher, considerada pagã. Seu nome era Hipácia. Com uma sociedade conservadora a respeito do trabalho da mulher e do seu papel, com o aumento progressivo do poder da Igreja, formadora de opiniões e conservadora quanto à ciência, e devido a Alexandria estar sob domínio romano, após o assassinato de Hipácia, em 415, essa biblioteca foi destruída. Milhares dos preciosos documentos dessa biblioteca foram em grande parte queimados e perdidos para sempre, e com ela todo o progresso científico e filosófico da época."


Fonte: wikipédia (é claro)

Follow your bliss


"Now, I came to this idea of bliss because in Sanskrit, which is the great spiritual language of the world, there are three terms that represent the brink, the jumping-off place to the ocean of transcendence: sat-chit-ananda. The word "Sat" means being. "Chit" means consciousness. "Ananda" means bliss or rapture. I thought, "I don't know whether my consciousness is proper consciousness or not; I don't know whether what I know of my being is my proper being or not; but I do know where my rapture is. So let me hang on to rapture, and that will bring me both my consciousness and my being."

Joseph Campbell, The Power of Myth, pp. 113, 120

Mulheres na filosofia: uma história de exclusão deliberada


Será que fiquei morta de inveja de São Paulo?
Olha só que evento!!


61º Fórum do Comitê Paulista para a Década da Cultura de Paz
- em adesão ao Dia Internacional da Filosofia –
Mulheres na filosofia: uma história de exclusão deliberada


Tributo a Hipátia
Hipátia: filósofa, matemática, astrônoma e professora. Nasceu no Egito no século IV. Considerada na sua época como a mente mais brilhante da escola neoplatônica de Alexandria, foi convidada a tomar lugar na cadeira que Plotino ocupava na afamada Biblioteca. Morreu brutalmente assassinada por fanáticos. Motivo: ser mulher, pagã, ter dotes intelectuais singulares, beleza e eloqüência que atraíam grande quantidade de seguidores.
Ana Figueiredo socióloga, coreógrafa e professora de dança e improvisação. No seu trabalho “Dança, Mito, Imagem”, une o universo dos mitos e ritos às imagens do mundo das artes. Colaboradora da Joseph Campbell Foundation no Brasil, coordena grupos de estudos sobre a obra de Campbell.

As mulheres e a filosofia – uma história mal contada
A história da filosofia é uma história do pensamento dos homens. As mulheres não participaram desta história, a não ser obscuramente, até o século XVIII quando filósofas como Mary Wollstonecraft propuseram críticas diretas ao pensamento sexista dos filósofos que se ocupavam em, literalmente, falar mal de mulheres como modo de sustentar uma estrutura política que assegurasse direitos dos homens contra as mulheres. Hoje cabe reavaliar o passado como forma de refazer o projeto atual relativo ao direito e à política sobre mulheres.
Marcia Tiburi, graduada em Filosofia e Artes, mestre e doutora em Filosofia, escritora, autora de As Mulheres e a Filosofia, O Corpo Torturado, Uma outra História da Razão, Metamorfoses do Conceito, Diálogo sobre o Corpo, Magnólia (romance), A Mulher de Costas (romance), Filosofia em Comum - para ler junto (no prelo). É professora da FAAP, do curso de formação de escritores da AIC, colunista das Revista Cult e Vida Simples, e participante do programa de TV Saia Justa.

O pensamento no feminino
O que acontece com o pensar quando uma mulher se torna sua voz e determina sua direção? Ele tem um recomeço. Pode receber uma nova direção, reconhecer novos interesses, provocar conseqüências imprevistas. A presença de Hannah Arendt no domínio da filosofia e da teoria política, promove alterações estruturais na tradição ocidental, porque adentra uma área tão predominantemente masculina com traços e condições do feminino. Através de Arendt, o pensar reencontra sua liberdade.
Dulce Critelli, graduada em Filosofia, mestre em Filosofia da Educação e Doutora em Psicologia da Educação. Professora Titular do Departamento de Filosofia da PUCSP, lecionando nos cursos de graduação e pós-graduação. É consultora e terapeuta existencial e também articulista da Folha Equilíbrio do jornal Folha de São Paulo. Autora dos livros Analítica do Sentido, Educação e Dominação Cultural, Todos Nós... Ninguém, e de diversos artigos em livros, e revistas.

PS: Hoje tô com a macaca, né?. Postando desesperadamente!!
PS: A imagem é de Hipátia

"Liberdade para os cegos não é um espaço aberto, é um espaço onde os dedos possam tocar as paredes, é confinamento, que significa proteção"


Entrevista de Fernando Meirelles à Folha de São Paulo (íntegra em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u397521.shtml


Folha - A protagonista de seu filme é a cegueira ou a mulher do médico, única imune à doença?

Fernando Meirelles - A cegueira é a protagonista, mas não a cegueira física, e sim a cegueira psicológica, ideológica. Há uma frase do livro que diz: "Não acho que ficamos cegos, acho que somos cegos. Cegos que podem ver, mas não vêem".
Diariamente, os limites do que chamamos civilização são rompidos, mas parece que não enxergamos isso. A barbárie está instalada e não vemos.
Talvez por estar fazendo este filme, cada vez mais vejo gente meio cega ao meu redor, do padre Adelir [de Carli], que se lançou no ar preso a mil balões por não conseguir enxergar as reais condições que tinha ao redor, às multidões de pessoas com fortes convicções ideológicas que se orgulham de nunca mudarem sua visão do mundo.
Esta autocegueira parece ser mais a regra do que a exceção. Há uma boa frase sobre isso no filme, já não sei se está no livro: "Liberdade para os cegos não é um espaço aberto, é um espaço onde os dedos possam tocar as paredes, é confinamento, que significa proteção".


Meu Deus, quando esse filme vai estrear?!?!?!?!?!

"Basta um momento de poesia para nos dar a eternidade inteira"


AH! OS RELÓGIOS

Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...

Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...

Mario Quintana - A Cor do Invisível

E basta um e-mail, para uma tarde melancólica ganhar luz e cor.
Carlinha e os poemas inesperados...

domingo, 8 de junho de 2008

Pernambuco, pernambuco e o bumba-meu-ovo



Não comentei sobre o Cine-Pe. Foi um dia antes da minha viagem a Salvador e acabou embolando. Só pude ir no primeiro dia (justamente por causa da viagem), mas parece não perdi muita coisa pelo que falaram: a seleção de filmes desse ano estava bem fraca.
Gostei muito: tem uma estrutura boa, apoio da Petrobrás, o centro de Convenções é confortável (péssimo acesso, contudo), lotadíssimo, é o festival com maior público do Brasil (Pernambuco e sua mania de maior e melhor do mundo rsrsrs, será que eu já estou pegando?!?!).
Como era o dia de estréia, teve a apresentação do espetáculo "Sagração das Etnias", com grupos folclóricos: maracatu, caboclinho, cavalo marinho etc. e hino de Pernambuco. Era a primeira vez que via essas manifestações, então adorei. Mas quando terminou, um pesoal atrás de mim estava reclamando "aff novamente maracatu...". Realmente, imagino (e estou constatando com o tempo...) que aqui tudo é motivo para apresentação de maracatu e afins. E os qua são do "movimento", segundo minha amiga ricifensi, são os "bumba-meu-ovo" hahaha. Importante variar não é mesmo?

Mesmo assim, adorei. O hino cantado me fez lembrar que não conheço o hino da Bahia... Na verdade, os poucos momentos em que o hino poderia ser cantado, o que acontece é que cantam o hino do Senhor do Bonfim (e esse eu sei de cor!!!).

Filmes mais marcantes da noite (foram dois longas e seis curtas): Guia Prático e Sentimental de Recife e Até o Sol Raiá (site desse último http://www.fantochestudio.com/ateosolraia/index.html).


Aqui o hino de Pernambuco (hehe). É bem bonito, cantado por Alceu. Vale a pena ver.
Da próxima vez prometo colocar o hino do Senhor do Bonfim (e depois do meu Bahêea, Porra!!)



A letra:
Coração do Brasil! em teu seio
Corre sangue de heróis - rubro veio
Que há de sempre o valor traduzir
És a fonte da vida e da história
Desse povo coberto de glória,
O primeiro, talvez, no porvir.
Salve! Oh terra dos altos coqueiros!
De belezas soberbo estendal!
Nova Roma de bravos guerreiros
Pernambuco, imortal! Imortal!
Esses montes e vales e rios
Proclamando o valor de teus brios,
Reproduzem batalhas cruéis.
No presente és a guarda avançada,
Sentinela indormida e sagrada
Que defende da Pátria os lauréis
Salve! Oh terra dos altos coqueiros!
De belezas soberbo estendal!
Nova Roma de bravos guerreiros
Pernambuco, imortal! Imortal!
Do futuro és a crença, a esperança,
Desse povo que altivo descansa
Como o atleta depois de lutar...
No passado o teu nome era um mito,
Era o sol a brilhar no infinito
Era a glória na terra a brilhar!
Salve! Oh terra dos altos coqueiros!
De belezas soberbo estendal!
Nova Roma de bravos guerreiros
Pernambuco, imortal! Imortal!
A República é filha de Olinda,
Alva estrela que fulge e não finda
De esplender com seus raios de luz.
Liberdade! Um teu filho proclama!
Dos escravos o peito se inflama
Ante o Sol dessa terra da Cruz!"
Salve! Oh terra dos altos coqueiros!
De belezas soberbo estendal!
Nova Roma de bravos guerreiros
Pernambuco, imortal! Imortal!

Comemoração do centenário de imigração japonesa no Brasil




Um evento musical realizado aqui em Recife, ontem, no Paço da Alfândega.
Apresentações tanto da cultura japonesa (tambores, coral e a orquestra da marinha japonesa) quanto da pernambucana (maracatu, ponteiro de lança e frevo).
Nunca via tanto japonês na vida!!
Para completar, por acaso, ainda assisti "Cartas de Iwo Jima" de Clint Eastwood. Uma obra de arte.

Aqui um vídeo de uma apresentação de tambores japoneses (não foi essa que eu vi, mas serve para dar uma noção)


E aqui, uma das músicas cantadas: sukiyaki song (olhando para o céu)


E só um pedacinho da letra (hehe)
ue wo mu-u-ite aruko-o-o-u
namida ga kobore naiyo-o-u ni
omoidasu haru no hi
hito-o-ri bo-o-cchi no yoru


Jane!!!! (até mais)