segunda-feira, 9 de junho de 2008

"Liberdade para os cegos não é um espaço aberto, é um espaço onde os dedos possam tocar as paredes, é confinamento, que significa proteção"


Entrevista de Fernando Meirelles à Folha de São Paulo (íntegra em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u397521.shtml


Folha - A protagonista de seu filme é a cegueira ou a mulher do médico, única imune à doença?

Fernando Meirelles - A cegueira é a protagonista, mas não a cegueira física, e sim a cegueira psicológica, ideológica. Há uma frase do livro que diz: "Não acho que ficamos cegos, acho que somos cegos. Cegos que podem ver, mas não vêem".
Diariamente, os limites do que chamamos civilização são rompidos, mas parece que não enxergamos isso. A barbárie está instalada e não vemos.
Talvez por estar fazendo este filme, cada vez mais vejo gente meio cega ao meu redor, do padre Adelir [de Carli], que se lançou no ar preso a mil balões por não conseguir enxergar as reais condições que tinha ao redor, às multidões de pessoas com fortes convicções ideológicas que se orgulham de nunca mudarem sua visão do mundo.
Esta autocegueira parece ser mais a regra do que a exceção. Há uma boa frase sobre isso no filme, já não sei se está no livro: "Liberdade para os cegos não é um espaço aberto, é um espaço onde os dedos possam tocar as paredes, é confinamento, que significa proteção".


Meu Deus, quando esse filme vai estrear?!?!?!?!?!

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