segunda-feira, 16 de junho de 2008

UnB: a utopia encarnada

História da Universidade de Brasília

Brasília tinha apenas dois anos quando ganhou oficialmente sua universidade federal. Inaugurada em 21 de abril de 1962, a Universidade de Brasília (UnB) já funcionava desde o início do mês, exatamente no dia 9, nas dependências do Ministério da Saúde, na Esplanada dos Ministérios. A data marcou o começo das aulas para os 413 alunos que haviam prestado o primeiro vestibular e, com ele, o da própria instituição que viria a se tornar uma das mais bem conceituadas do Brasil.

Trilhar esse caminho, no entanto, demandou esforços. A princípio até para convencer as autoridades da importância de uma universidade da capital. Ainda que o projeto original de Brasília, feito pelo arquiteto Oscar Niemeyer e pelo urbanista Lucio Costa, já previsse um espaço para a UnB – entre a Asa Norte e o Lago Paranoá -, a luta pela construção foi grande. Tudo por causa da proximidade com o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e a própria Esplanada. Algumas autoridades não queriam que estudantes interferissem na vida política da cidade. Finalmente, depois de negociações intensas, em 15 de dezembro de 1961, o então presidente da República João Goulart sancionou a lei 3.998, que autorizou a criação da universidade.

O antropólogo Darcy Ribeiro, idealizador, fundador e primeiro reitor da UnB, sonhava com uma instituição voltada para as transformações – diferente do modelo tradicional criado na década de 1930. No Brasil, foi a primeira a ser dividida em institutos centrais e faculdades. E, nessa perspectiva, foram criados os cursos-tronco, nos quais os alunos tinham a formação básica e, depois de dois anos, seguiam para os institutos e faculdades. Os três primeiros cursos-tronco eram: Direito, Administração e Economia, Letras Brasileiras, e Arquitetura e Urbanismo.

A inauguração da UnB, às 10h daquele 21 de abril de 1962, assemelhou-se em muito à própria capital. Quase tudo era canteiro de obras, pouquíssimos prédios estavam prontos. O Auditório Dois Candangos, onde ocorreu a cerimônia, havia sido finalizado 20 minutos antes. Seu nome homenageia os pedreiros Expedito Xavier Gomes e Gedelmar Marques, que morreram soterrados em um acidente durante a construção.

A instituição tinha então 13 mil metros quadrados de área construída, distribuídos em nove prédios, 35 vezes menor do que em 2006 (464 mil metros quadrados), segundo a Secretaria de Planejamento da UnB. No início, somente os estudantes de Arquitetura e Urbanismo assistiam às aulas no campus em obras, para que pudessem praticar. Os outros cursos eram ministrados no 9º andar do Ministério da Saúde. A administração e a reitoria ocupavam parte do Ministério da Educação
Em 1964, a ditadura instalada com o golpe militar traria anos difíceis para a UnB. Na verdade, a instituição brasiliense já era tida por setores extra-universitários como um foco do pensamento esquerdista, visão essa que só se acirrou com os militares. E, por estar mais perto do poder, foi uma das mais atingidas. Universitários e professores foram taxados de subversivos e comunistas. Comentava-se que havia uma tendência marxista na UnB, liderada pelos professores mais jovens e idealistas.

O campus foi invadido e cercado por policiais militares e do Exército várias vezes durante o ano. No dia 18 de outubro de 1965, depois da demissão de 15 docentes acusados de subversão, 209 professores e instrutores assinaram demissão coletiva, em protesto contra a repressão sofrida na universidade. De uma só vez, a instituição perdeu 79% de seu corpo docente.
(Fonte http://www.unb.br/unb/historia/resumo.php)


"Eles acreditavam que fôssemos perigosos. Gosto de pensar que éramos mesmo". (Darcy Ribeiro, Doutor Honoris Causa da Universidade de Brasília, em Pronunciamento

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