terça-feira, 15 de julho de 2008

"O jurista é alguém em busca de ordem, um tecelão de ordem, porque o direito é, essencialmente, ciência ordenadora." Paolo Grossi

Em meio ao caos construimos castelos de areia, damo-nos nomes, listamos suas características, natureza, localização, ordenamos quem irá habitá-los, limpá-los, guardá-los. De nada adianta...
E mesmo quando sonhamos e trabalhamos pela transformação, ainda assim buscamos a ordem, nem que seja a ordem da desordem, porque "o jurista é alguém em busca de ordem". Dizer como tudo deve ser, seja mantendo ou revolucionando o tal status quo, essa é a nossa sina, nosso mais velado desejo de controlar e controlarmo-nos.
Mas continuamos dançando na beirinha do abismo, em meio ao caos que fingimos controlar. E mais cedo ou mais tarde, cairemos nele.

GROSSI, Paolo. Mitologias jurídicas da modernidade. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2007
PS: Em tempo, apenas a frase é de Grossi, o assunto que ele trata no livro é completamente outro.

Tic tac



"Time - amor contra a passagem do tempo". E o que resiste a ele?

Sempre me assustou amar alguém, sofrer, acordar e dormir pensando em uma mesma pessoa e passado um tempo de separação serem quase estranhos.

De onde ele vem e para onde vai? O tal amor?

Se se trata apenas de reações químicas, tudo bem. Um belo dia seu organismo não responde mais àqueles estímulos da mesma forma: o organismo mudou, os estímulos também não são mais os mesmos, e, assim, o que era vital e indispensável torna-se lembrança - às vezes boa, às vezes má, mas só lembrança e bem-querer.

Agora, admitir que amor nada tem a ver com a alma, com os mistérios mais metafísicos... aí eu quero ver.

Só que essa luta do amor contra a passagem do tempo é só uma parte ínfima do que está realmente em jogo no filme (tanto que esse subtítulo foi inserido pela tradução, no original o filme é só "time").

É ele, o tempo, o grande personagem que nos atemoriza e persegue.
Roteiro, direção e produção de Kim Ki-Duk, cineasta coreano, mais conhecido aqui pelo seu "Primavera, verão, outono, inverso... e primavera".

sábado, 12 de julho de 2008

Aprendendo a colocar arquivo de música aqui no blog rsrs

Mais um daqueles para mim mesma... (ou ainda, lição 974137418 contra o analfabetismo digital)
Como colocar uma música do meu arquivo num post? É claro que não faço a menor idéia (a muito custo aprendi a colocar os vídeos do youtube aqui...). Então, vamos à caça na internet.
A melhor resposta achei aqui http://linkmoney.info/musica-mp3-no-orkut-como-colocar/
Hum, precisava hospedar o arquivo em um site..
Me cadastrei nesse aqui http://www.mp3tube.net (fácil fácil fácil, até para um projeto de anta como eu).
O resultado está no post acima :D

Corrigindo: vai estar assim que eu acertar fazer isso. Achei que estava moleza, mas...

Ainda sobre a tal "autenticidade"

"O turista razoável" - coluna da revista "Viagem e Turismo" - na edição do mês passado, proclamava: "Este é o problema da globalização. Está tudo ficando limpinho. Mas tudo ficando igual" e conclama "Chega de igualdade".
Tal como eu havia feito no post sobre o temaki, ele reconhece o egocentrismo de sua análise: "É claro que quem vivia nesses lugares [Leste Europeu, China, Tibete etc] não concordará comigo. Dificilmente alguém que teve que pegar fila para comprar pão vai ter saudade dos bons velhos tempos. Mas para o viajante em busca de exotismo, os últimos países que restaram são, provavelmente, Cuba e Coréia do Norte."
Mas no caso do tal "razoável" o egocentrismo vem com um molhinho de capitalismo selvagem :/

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Il Gattopardo


O Leopardo (1963) filme ítalo-francês de Luchino Visconti, com Burt Lancaster, Alain Delon e Claudia Cardinale, baseado no romance "Il Gattopardo" de Giuseppe di Lampedusa. Palma de Ouro de melhor diretor

Trata da a unificação da Itália tendo como ponto de partida a vida de Dom Fabrizio, Príncipe de Salina, a partir da invasão de Garibaldi à Sicília.

Retrata a aristocracia italiana que soube conduzir a "revolução" tardia da Itália.

Numa frase do próprio Dom Fabrizio "Era preciso que algo mudasse, para que tudo permanecesse como era antes".

Vale a pena apesar dos demorados 205 minutos. O interessante é que mostra umas cenas que geralmente não aparecem, por exemplo o fim da festa, com o salão sujo e as moças cansadas jogadas no sofá (por sinal a festa da aristocracia siciliana mais parecia com uma formatura no Centro de Convenções ou no Wet'n Wild aqui de Salvador, bem diferente dos filmes que retratam esses bailes na Inglaterra, por exemplo; sangue quente é sangue quente, hein).
PS: uma daquelas listas dos 10 mais, com o Leopardo nela

No tabuleiro da baiana tem: TEMAKI :O

O que explica toda uma cidade de um dia para o outro resolver comer a mesma coisa? Agora não só temos uma igreja para cada dia do ano, mas também tantas temakerias quanto. A cada esquina, em cada ladeira.
Se Caetano e Gil ainda compusessem como outrora, com certeza baianidade ia rimar com teriaki e quando Carmem Miranda perguntasse o que que a baiana tem, ao responder teria que incluir kani, salmão e ovas.
Para mim, só há uma resposta: provincianismo.
Sei que posso estar sendo preconceituosa - e como fugir de todos eles - mas me irrita pro-fun-da-men-te essa imitação do que é vendido como cool.
Me irrita do dia para noite todos com o mesmo cinto ou corte de cabelo, as milhares de lojas e salões de beleza com o nome "beleza pura" (lembram da época de belíssima? eu mesma aluguei meu vestido de formatura numa loja no orixás center batizada com essa pérola da criatividade).
Sei que é mesquinhez minha querer que as coisas continuem "autênticas", "originais". Que o interior continue com cara de interior, índio continue índio etc. Quer mais reacionário do que isso?!?
Mas que fico com o coração na mão ao ir para Ipiaú - para quem não sabe, cidade da região cacaueira da Bahia e minha terra natal - e não ver mais aquele pessoal com jeito de interior me deprime.
Minha razão me condena: se assim fosse, eu que nasci lá também deveria manter a tradição: colocar uma cadeira na calçada de casa, prosear e fazer doce de banana de rodinha...
Mas meu coração (sempre culpado de tudo, tadinho...) não se conforma: sinto a perda de uma parte da cidade (e com ela uma parte de mim).
Mas "o tempo não pára", é o mesmo que, nos nossos rasgos de nostalgia, lamentarmos pela infância de hoje em dia ("porque a nossa anos 80 é que era boa").
Bem, de qualquer forma, só me resta aproveitar a moda, afinal êita coisa boa esse tal de temaki ;)
PS: sobre essa história de infância, fiquei feliz hoje ao descobrir que os aniversários de criança continuam tendo brigadeiro, bolo, beijinho e cachorro quente. Ufa, nem tudo está perdido...

A culpa é da Bahia



Novamente um intervalo vergonhoso sem publicar nem uma linhazinha.

Bem quero dizer que não tenho nada a ver com isso, a culpa é toda, todinha da Bahia.

É só chegar aqui e pronto, adeus blog mio.

Como só parto novamente em 03 de agosto, tentarei dar um jeito nessa situação e voltar a ter alguma regularidade nos posts.


Sim, sim. Breve retrospecto:

São Pedro em Ipiaú ("que me perdoem as feias", mas ô festinha de dar dó... não aconselho);

Sawako passou uns dias aqui em SSA comigo, entre outros programas furados fomos para uma temakeria (febre por aqui, todos que dizem "e aí vamos sair" em seguida falam "comer temaki" rsrs) - sim qual o problema, levar uma japonesa para comer comida japonesa, acho que faz todo sentido...

escrevendo os trabalhos das disciplinas para entregar final de julho/início de agosto;

terminando de descascar os abacaxis e pepinos que me cabem.


Ah, e na verdade a culpa não é da Bahia e sim do Fidel! Malditos barbudos vermelhos...

Ontem à noite, no Cinema do Museu com o companheiro Isac (e seus 3 dogmas: a infra determina a super-estrutura; tudo que presta foi escrito entre 1848 e 19e não lembro quanto; e o terceiro esqueci completamente mas tem algo a ver com a mais valia rsrs) e a Nandinha.


Vale a pena! As crianças são fabulosas. O filme é todo na perspectiva de Anna, uma garota francesa de 9 anos ultra-reacionária - a "mommia", e você só vai entendendo o que está se passando mais ou menos junto com ela. Como em uma das melhores cenas do filme: a guria acorda no meio da noite, com aquela vontade de fazer xixi, vai se segurando nas paredes e quando está lá no vaso escuta os pais discutindo sobre o a ida deles para o Chile para ajudar na eleição de de Allende. É assim, aos pedaços, naquelas conversas que as crianças pegam já no meio e por acaso que o filme vai se desenrolando.
Leve, risada gostosa sabe?