quinta-feira, 10 de julho de 2008

No tabuleiro da baiana tem: TEMAKI :O

O que explica toda uma cidade de um dia para o outro resolver comer a mesma coisa? Agora não só temos uma igreja para cada dia do ano, mas também tantas temakerias quanto. A cada esquina, em cada ladeira.
Se Caetano e Gil ainda compusessem como outrora, com certeza baianidade ia rimar com teriaki e quando Carmem Miranda perguntasse o que que a baiana tem, ao responder teria que incluir kani, salmão e ovas.
Para mim, só há uma resposta: provincianismo.
Sei que posso estar sendo preconceituosa - e como fugir de todos eles - mas me irrita pro-fun-da-men-te essa imitação do que é vendido como cool.
Me irrita do dia para noite todos com o mesmo cinto ou corte de cabelo, as milhares de lojas e salões de beleza com o nome "beleza pura" (lembram da época de belíssima? eu mesma aluguei meu vestido de formatura numa loja no orixás center batizada com essa pérola da criatividade).
Sei que é mesquinhez minha querer que as coisas continuem "autênticas", "originais". Que o interior continue com cara de interior, índio continue índio etc. Quer mais reacionário do que isso?!?
Mas que fico com o coração na mão ao ir para Ipiaú - para quem não sabe, cidade da região cacaueira da Bahia e minha terra natal - e não ver mais aquele pessoal com jeito de interior me deprime.
Minha razão me condena: se assim fosse, eu que nasci lá também deveria manter a tradição: colocar uma cadeira na calçada de casa, prosear e fazer doce de banana de rodinha...
Mas meu coração (sempre culpado de tudo, tadinho...) não se conforma: sinto a perda de uma parte da cidade (e com ela uma parte de mim).
Mas "o tempo não pára", é o mesmo que, nos nossos rasgos de nostalgia, lamentarmos pela infância de hoje em dia ("porque a nossa anos 80 é que era boa").
Bem, de qualquer forma, só me resta aproveitar a moda, afinal êita coisa boa esse tal de temaki ;)
PS: sobre essa história de infância, fiquei feliz hoje ao descobrir que os aniversários de criança continuam tendo brigadeiro, bolo, beijinho e cachorro quente. Ufa, nem tudo está perdido...

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