domingo, 16 de março de 2008

Recife me quis


Hoje faz uma semana que me encontro em Recife. Desembarquei de "mala e cuia" com previsão de ficar por dois anos. Instalei-me em Boa Viagem como se aqui morasse há tempos (daqui a pouco já vou dizer que sou a "moça bonita" de Alceu rsrs).


As ruas do centro já são minhas velhas conhecidas, passo por elas com a intimidade que é dada apenas aos muito queridos. Meu suco na "As Galerias" na rua do Bom Jesus, a bagunça do Mercado São José e seus arredores, o algo sempre a comprar na Conde da Boa Vista, a água de coco sagrada da rua do Hospício, a poesia e a lembrança saudosa da rua da Aurora (como não recordar minha vó) e a sombra abafada e melancólica da praça 13 de Maio.


Por certo que os paralelos que traço com Salvador ajudam-me nessa chegada. A cada esquina que viro penso, "este é o Pelourinho, aqui é a Av. Sete, agora a Baixa dos Sapateiros". A Boa Viagem, como não podia de ser, é a Pituba onde deixei meu antigo lar, com sua classe média, seu comércio, suas prostitutas e travestis noturnos e o mar a poucos metros.


Engana-se, porém, quem pensa que busco Salvador. Sou estrangeira em terra a desbravar. Ainda quase nada sei de sua alma e profundezas, mas tenho muito certo que suas janelas e portas estão abertas para mim. Basta achar o tempo certo, estar disponível, "atenta e forte".


Força, por sinal, é algo que não falta nesta terra, seja na fala, na cultura ou na gente "raçuda". Tenho muito a aprender com Recife. Um novo de mim, com um pouco de sempre que agora já traz mais uma cicatriz: a saudade... a maior delas.
PS: Hoje também é aniversário de minha amiga Feitoca. Tinha andado sumida de sua vida de tão descontente que estava com a minha. Espero agora que estou longe, voltar para perto dos meus amigos, daqueles que gosto e que gostam de mim. Agora que estou longe, o coração apertado, mas leve.

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