sábado, 12 de abril de 2008

Maturana


"O conhecimento do conhecimento obriga. Obriga-nos a assumir uma atitude de permanente vigília contra a tentação da certeza, a reconhecer que nossas certezas não são provas da verdade, como se o mundo que cada um vê fosse o mundo e não um mundo que construímos juntamente com os outros. (...) Se sabemos que o nosso mundo é sempre o que construímos com os outros, cada vez que nos encontramos em contradição ou oposição com outro ser humano com o qual desejamos conviver, nossa atitude não poderá ser reafirmar o que vemos do nosso próprio ponto de vista" (grifos do autor).


Segundo Maturana, é a linguagem que amplia o nosso domínio cognitivo reflexivo e através dessa ampliação é que "podemos chegar pelo raciocínio, ou mais diretamente, porque alguma circunstância nos leva a ver o outro como um igual, um ato que habitualmente chamamos de amor. Tudo isso nos permite perceber que o amor ou, se não quisermos usar uma palavra tão forte, a aceitação do outro junto a nós na convivência, é o fundamento biológico do fenômeno social. Sem amor, sem aceitação do outro junto a nós, não há socialização e sem esta não há humanidade. Qualquer coisa que destrua ou limite a aceitação do outro, desde a competição até a posse da verdade, passando pela certeza ideológica, destrói ou limita o acontecimento do fenômeno social . Portanto, destrói também o ser humano, porque elimina o processo biológico que o gera" (grifos do autor).


MATURANA, Humberto R. A árvore do conhecimento: as bases biológicas da compreensão humana / Humberto R. Maturana e Francisco J. Varela. Tradução de Humberto Mariotti e Lia Diskin. São Paulo: Palas Atenas, 2001.


Biólogo chileno, pensador da "Biologia do conhecer", antes "teoria da autopoiese", através da qual se propõe a explicar, partindo dos conhecimentos biológicos de sistemas vivos e da mente humana, o que é o viver, o conhecer e a experiência na linguagem, alcançando a formulação de uma ética da convivência e do sustentável.
Belo acompanhar a construção de sua teoria toda calcada na "ciência", em dados empíricos e experiências reproduzíveis, e vê-lo concluir e ressaltar o amor, "palavra tão pesada", velada, que não se deve pronunciar a não ser na mais íntima intimidade, nunca em um trabalho científico. Relembra-nos, mais uma vez, da tal da ética e do valor do humano.
Outras obras entre tantas outras:
________ Emoções e linguagem na educação e na política. Tradução de José Fernando Campos Fortes. - Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998.
________ Cognição, ciência e vida cotidiana/ Humberto Maturana; organização e
tradução Cristina Magro, Victor Paredes. - Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2001.

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